Títulos, inícios de prosa e paywalls.
Revelar ou não revelar, cobrar ou não cobrar? Eis as respostas para essa simples questão.
Nós estamos mal habituadas.
Ou melhor, a criação de conteúdo pro Instagram nos deixou com o terrível hábito de começar a escrever aquilo que poderia ser uma boa história pela conclusão e rechear o primeiro parágrafo com o néctar suculento que deveria ser a última gota a pingar no fim da história por nós escrita.
Nós estamos muito mal habituadas.
Ou melhor, a criação de conteúdo pro Instagram nos deixou com um outro terrível hábito, o de entregar uma série de informações levemente temperadas em um ou outro aspecto de contação de história ao invés de entregar histórias recheadas das informações necessárias para que o leitor viva a travessia por nós proposta da melhor forma.
Agora antes de você já ir tirando o chicote da bolsa para se punir por esses possíveis hábitos adquiridos, saiba que esses hábitos que estão enraizados na nossa escrita destinada a ser publicada no meio digital não são “culpa nossa”, eles são só mecanismos que precisaram ser por nós usados e lapidados para que nós conseguíssemos comunicar com clareza e ao mesmo tempo caber nos espaços espremidos oferecidos por aquela outra plataforma.
No Instagram, que é uma plataforma que nos força a vestir e sustentar a persona do expert, é sim crucial impactarmos logo no começo e deixarmos claro de cara sobre o que é que vamos falar nos outros generosos 30 segundos que nos restam. Afinal, se você só tem três segundos para fazer alguém se interessar pelo seu conteúdo e impedir que essa pessoa passe reto, a sua primeira frase precisa sim ser o suprassumo da reflexão condensada em meia dúzia de palavras-gatilhos.
Mas se nós estivéssemos interessados em seguir sendo impressionados e provocados pelos auto-intitulados experts nós não estaríamos aqui, acompanhando em tempo real o Substack crescer exponencialmente enquanto proporciona um solo fértil para que artistas cresçam, floresçam e voltem a produzir e viver de arte, lendo incontáveis desabafos sobre a canseira epidêmica das redes sociais que está picando uma por uma as almas artistas que se fizeram exímias criadoras de conteúdo na tentativa de darem certo na internet.
As que não deram certo estão exaustas.
E as que deram certo também estão.
A boa notícia é que você não precisa mais se encolher ou se resumir para fazer caber e pode usar mais linhas, mais caracteres e infinitamente mais espaço para colocar a sua voz no mundo, comunicar com clareza a sua perspectiva singular e encantar os leitores que escolhem desfrutar da sua medicina-escrita enquanto você vende o seu peixe.
Mas se a sua intenção é ter os seus textos lidos até o final ao invés de ter a maioria dos assinantes da sua publicação dando aquele famoso scroll down que os nossos dedinhos estão tão habituados a dar, escaneando rapidamente a sua escrita, seja ela breve ou longa, sem clicar em link nenhum e sem jamais optar por sair da assinatura gratuita para entrar na assinatura paga, então pode ser uma boa idéia dedicar algum tempo a esses questionamentos sobre a sua escrita que eu compartilho logo ali em baixo, do outro lado da linha que separa o dentro dos arredores do meu cafofo.
Além de te apresentar esses perspicazes questionamentos, do outro lado da paywall ou parede de pagamento, eu te conto o porquê é uma boa escolha levantar as paredes de pagamento da sua publicação logo no início da sua jornada, independente de você já ter ou não um acervo de textos arquivados e uma coleção de conteúdos exclusivos que, teoricamente, é o que justifica novos inscritos a optarem pela assinatura paga.
Te adianto que não, você não precisa nem de um nem de outro para começar a cobrar pela sua medicina aqui no Substack.
Se você ainda está só nos arredores desse meu cafofo, saiba que o que te espera do outro lado da parede é puro néctar - e quem diz não sou eu. E você que já decidiu desfrutar da suculência do lado de dentro, bora lá continuar essa prosa cheia de insights.