Suculentizando o automatizado.
Como transformar emails mornos e raramente lidos até o final em portas de entrada convidativas para o seu mundo? Um guia prático e três passos que te levarão longe.
Sabe quando você entra numa padaria para comprar um sonho?
Ou um pão de sal fresco pro lanche no fim da tarde, ou uma coxinha daquelas suculentas, ou um bolo de milho molhadinho ou um pastel de nata cremoso ou uma torta mouse de chocolate amargo ou um cappuccino com textura de nuvem ou um algo outro que você esteve desejando e que só de pensar te enche a boca d’água?
Aquilo que, aqui entre nós, é o único motivo pelo qual você enfrentou o grande desafio de calçar um sapato ou um chinelo havaiana, fazer um coque alto ou dar uma arrumadinha no cabelo e sair do conforto do seu cafofo.
Pois então, imagina se logo depois de caminhar esses quarteirões até a padaria você entrasse, fizesse o seu pedido, pagasse pelo quitute desejado e ao invés de recebe-lo em mãos com toda aquela suculência aguardada, a dona da padaria passasse os próximos quinze minutos te agradecendo por você ter comprado na padaria dela e te dizendo o quão feliz, honrada e agradecida ela está por você ter decidido ir até ela para comprar aquilo que ela fez com tanto amor e dedicação e acabasse demorando um tempão para entregar o seu tão aguardado pedido?
Se o seu desejo de dar uma mordida naquele sonho ou um gole naquela nuvem fosse realmente grande eu imagino que você ficaria um pouco sem paciência pros agradecimentos dela e talvez nem os escutasse ou ficasse até um tanto irritada.
Eu certamente ficaria.
Afinal, ainda que seja gostoso receber o agradecimento de alguém que escolhemos apoiar o trabalho, o que nós queremos mesmo quando saímos de casa para ir até a padaria é desfrutar do gosto gostoso do produto em si.
O muito obrigada pode esperar, concorda?
Pois então, agora imagina que a padaria em questão é a sua publicação no Substack e que a dona da padaria é ninguém mais ninguém menos que.. você!
É, vocêzinha mesmo.
Quando alguém escolhe adentrar o seu mundo ao se inscrever na sua publicação, seja através da assinatura gratuita ou direto pela assinatura paga (sim, às vezes acontece e é uma surpresa mais cremosa que sonho) essa pessoa está, ao clicar no botão se inscrever, entrando na sua padaria com água na boca de vontade de dar uma mordida e experimentar o sonho ou a gostosura que você, e só você, tem para oferecer.
Saiba que toda ação é movida por desejo mas nem todo desejo desencadeia uma ação.
Se ela, a tal pessoa que saiu de casa para entrar na sua padaria, já clicou e já se inscreveu no seu cafofo isso significa que ela deseja algo que você tem para oferecer e que o desejo dela foi forte o suficiente para desencadear uma primeira ação.
E é exatamente aí que mora uma belíssima oportunidade que na maioria das vezes é desperdiçada. Aliás, estava sendo desperdiçada. Porque depois de ler esse bálsamo eu tenho certeza que você vai decidir parar de deixar essa bela oportunidade passar.
Mas antes de falar dessa oportunidade e, na prática, te ensinar como usá-la ao seu favor, deixa eu te explicar melhor como e porque na maioria das vezes ela é desperdiçada.
Quando alguém acredita no nosso trabalho e enxerga valor naquilo que criamos nós nos sentimos felizes e valorizadas, não é?
Muitas vezes, principalmente no caso de mulheres que escrevem, trabalham e criam seus servires de forma totalmente intuitiva, misturando doses de aprendizados colhidos em diferentes cantos com colheres de sopa bem cheias de suas sabedorias próprias para colocar no mundo algo completamente autoral e não encontrado em nenhum outro canto - mulheres que normalmente tem dificuldade em se auto valorizarem, em cobrarem o preço justo pelo seu trabalho e reconhecerem o quão fodásticas, potentes e singulares elas e suas criações são, o primeiro impulso é o de trazer a generosidade para a roda e achar que essa ação, que na verdade é totalmente movida por desejo, é um ato de generosidade de quem escolhe consumir aquilo que produzimos.
E porque esse ato, que equivocadamente acreditamos ser impulsionado por generosidade, de ter um alguém muitas vezes desconhecido desejando o nosso trabalho e medicina, nos faz genuinamente felizes e nos deixa com o coração quentinho, a nossa tendência é não começar essa primeira (e muitas vezes única) interação direta que temos com quem escolhe se inscrever na nossa publicação abrindo as portas do nosso mundo e apresentando a suculência que ele guarda e sim gastarmos o primeiro, os primeiros parágrafos ou até o corpo inteiro do e-mail de boas vindas dizendo o quão agradecidas estamos ou que aquele ato de generosidade tem uma significância imensurável e, sem perceber, acabamos sendo aquelas donas de padaria que não gostaríamos de encontrar pela frente.
Se você está sendo essa dona de padaria, calma vizinha. Guarda o chicote na bolsa porque você não está sozinha! Saiba que eu passei 2023 quase inteiro sendo a dona de uma padaria mega suculenta e cobrindo de agradecimentos todas as almas caridosas que chegavam até aqui por escolherem se deliciar no suprassumo do meu mel, oferecido em sua maioria gratuitamente.
O chicote não nos serve de nada! Nessa hora os instrumentos que precisamos ter em mãos são o bom é velho papel, caneta e esse bálsamo, claro.
Tá, mas se em um e-mail de boas vindas não devemos começar pelo seja bem-vinda ou pelo muito obrigado, por onde então começar?
E o que definitivamente não pode faltar nesses emails para garantir que quem chega no seu mundo, além do desejo de dar aquela bela primeira mordida na sua medicina, tenha a vontade de visitar cada cantinho do universo que você, com amor e dedicação, vem criando por aqui e quiçá se identificar tanto com aquilo que você escreve e oferece a ponto de se tornar uma patrocinadora da sua publicação, cliente do seu negócio, integrante do seu clã, clube, bonde, cafofo ou roda íntima?
Simples.
É só seguir esses três passos abaixo.
E eu que declaradamente tenho antipatia de quem oferece três passos para isso ou para aquilo outro, estou aqui mordendo minha língua enquanto te escrevo porque nesse caso esses três passos simples te levarão muito, muito, muito longe.
Palavra!
Primeiro passo:
Produzir encantamento, despertar sensações que conectam e, de forma breve, esmiuçar o porquê da sua publicação ser o lugar certo.